Burnier Fé e Justiça
Cerca de 4 mil pessoas devem participar da Romaria dos Mártires da América Latina, em Ribeirão Cascalheira, interior de Mato Grosso, dia 16 de julho, próximo sábado, à noite. Esse evento religioso e social de ressonância internacional marca o assassinato do padre João Bosco Penido Burnier, em 11 de outubro de 1976, quando ele e dom Pedro Casaldáliga tentavam interceder por duas mulheres que haviam sido presas injustamente.
Na ocasião, Padre João e dom Pedro passavam por Cascalheira, que na época ainda era o distrito de Ribeirão Bonito, para festejos de Nossa Senhora Aparecida. Mas, atendendo os clamores dos moradores da vila, eles foram até a delegacia pedir que soltassem as mulheres e parassem de torturá-las. Durante o diálogo, um dos policiais, usando de truculência, deuuma coronhada em Padre João. Ele foi transferido para Goiânia, mas não resistiu aos ferimentos. Dom Pedro foi bispo da prelazia de São Félix até 2005, quando pediu sua renúncia ao Papa João Paulo II. Aos 83 anos, com a saúde frágil continua sendo um dos maiores ícones da luta por justiça social.
O nome do Centro Burnier Fé e Justiça é uma homenagem ao padre martirizado.
A Romaria é um dos mais importantes eventos religiosos e sociais da América Latina e é um grito por Direitos Humanos.
Conforme o padre Marcondes Barbosa, organizador da Romaria e pároco de Ribeirão Cascalheira, já chegaram pessoas da Alemanha, Espanha, Itália e de vários países da América Latina, além de brasileiros e brasileiras de Mato Grosso, Góias, Brasília, Minas, São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro, Maranhão, Tocantins e Pará.
A caminhada será dia 16 à noite, após uma cerimônia de abertura. Romeiros vão levar velas, banners dos mártires e outros elementos que lembram as situações de violência e as bandeiras de luta mais rotineiras na América Latina, das mulheres, da juventude, da terra, dos Direitos Humanos, do trabalho. “Vamos refletir sobre tudo isso enquanto a gente
caminha”, explica o padre Marcondes.
Quem já participou da Romaria, afirma que é um momento muito emocionante.
O jornalista Rodrigo Vargas registra essa emoção no filme “A Cruz do Padre João”. Década de 1970. Região do Araguaia, em Mato Grosso. Em um pequeno vilarejo às margens da BR-158, pequenos agricultores, posseiros e peões sofrem a pressão das autoridades. A luta pela terra faz vítimas e gera o terror. Trinta anos depois, moradores relembram o capítulo mais importante de suas vidas. Melhor vídeo mato-grossense no 14º Festival de Cinema e Vídeo de Cuiabá. Veja o vídeo aqui.
No dia seguinte, domingo, 17 de julho, haverá uma alvorada, seguida de café da manhã e da Celebração Eucarística em Memória dos Mártires da Caminhada e 40 anos da Prelazia de São Félix do Araguaia. O bispo de São Félix, Dom Leonardo Ulrich Steine, vai presidir a celebração.
A Romaria dos Mártires é realizada de 5 em 5 anos. A primeira foi realizada 10 anos após morte de Padre João Burnier.
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