janeiro 27, 2009

AQUI TEM FAVELA, SIM!

Por Livia Viana
Edição: Neuza Baptista



A pesquisa de Informações Municipais 2008 feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e divulgada em 12/12/2008 aponta que, dos 37 municípios com mais de 500 mil habitantes existentes no Brasil, apenas Cuiabá informou a inexistência de favelas.
Originalmente, o conceito de "favela" era aplicado somente a locais sem qualquer apoio estatal, ou seja, sem energia elétrica, abastecimento de água, esgoto, etc. Hoje, as favelas do Brasil são consideradas por muitos como uma conseqüência da má distribuição de renda e do déficit habitacional no País.
Para as teorias desenvolvimentistas, as manifestações de subdesenvolvimento, ou seja setores em que se registra uma fraca utilização dos recursos naturais, humanos e financeiros, o que se manifesta numa forte dependência económica externa, baixo rendimento per capita caracterizam os setores periféricos da sociedade. A questão do problema não se encontra na constituição étnica, cultural ou racial da população, mas na condução de políticas administrativas e econômicas, no comportamento das camadas dirigentes que, na falta de estímulo para o progresso, na má orientação do governo, cria esses obstáculos e impedem o bom aproveitamento das forças produtivas. Com isso, acabam estimulando uma economia 'periférica', isto é, setores econômicos tradicionais, de baixa produtividade, que se desenvolvem à parte ou na periferia dos setores desenvolvidos. A falta de acesso a direitos determina a divisão das classes, legitimando a origem das favelas.
Quem acredita que não existam favelas em Cuiabá deveria conhecer Adinilsom da Silva Lara, o Dj Taba, hoje militante do movimento Favelativa. Ele diz: "Minha é a prova de que existe sim favela em Cuiabá" e, inclusive, convida a todos para uma visita ao bairro Jardim Vitória, onde mora e atua. Lembra também do Jardim Florianópolis, Jardim União e favelas vizinhas, onde o saneamento é precário, a população fica sem médico por até três meses, onde não existe praça nem infra-estrutura mínima para gerar segurança e bem estar para o desenvolvimento cultural dos moradores.
Falta gestão participativa, políticas públicas de erradicação da pobreza, infra-estrutura, saneamento, educação de qualidade, cultura e esporte.
Quando falamos das necessidades de consumo, temos inúmeros exemplos que nos mostram que precisamos melhorar a absorção de como estamos evoluindo. Não é somente a estrutura para poder usufruir de bens próprios como carro, casa, roupa, etc. A questão maior é ter acesso a arte, educação, saúde, desenvolvimento social. Como isso está sendo tratado pelos governos?
Na verdade, o subdesenvolvimento não é a ausência de desenvolvimento, mas o produto de um tipo universal de desenvolvimento mal conduzido. Só através de uma estratégia global do desenvolvimento, capaz de mobilizar todos os fatores de produção no interesse da coletividade, poderão ser eliminados o subdesenvolvimento e a fome da superfície das favelas. Não adianta empurrar a sujeira para debaixo do tapete.




As Fotos Acima foram tirada no Bairro Jardim Vitória em Cuiabá-MT

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