novembro 01, 2011

Índios Karajá se mobilizam contra as Drogas

Marcadores: Direitos Humanos, Questão Indígena

Jovens participam de palestra em Santa Izabel do Morro (TO)

O crescimento do alcoolismo e o envolvimento de jovens da etnia Karajá com drogas lícitas e ilícitas é um assunto que sempre está sendo discutido pela etnia e também pela sociedade civil. E o abuso do álcool é apontado pela própria comunidade como sendo uma das causas do aumento do número de mortes entre os jovens. A aldeia Santa Izabel do Morro, (TO) que está separada do município de São Félix (há 1.200 km de Cuiabá) pelo Rio Araguaia, é uma das mais afetadas pelo problema. O contato constante com os não-índios, o processo de ocupação e o intercâmbio cultural entre as duas culturas causaram algumas transformações nos hábitos do povo Karajá. Só neste ano, quatro jovens vieram a óbito, por doenças causadas pelo álcool, além do registro de dois suicídios no segundo semestre, um rapaz de 16 anos e outro de 17 foram encontrados mortos, em agosto e setembro, vítimas de enforcamento.
criança Iny atenta à palestra
palestrante, Kohalue e Lenimar.
Na semana passada, entre os dias 26 e 29 de outubro, a Associação de Mulheres da Aldeia JK, (Ahima JK) em parceria com a secretaria estadual de Justiça e dos Diretos Humanos do Tocantins realizou uma série de palestras e oficinas nas comunidades do território Karajá. O grupo percorreu as aldeias de Santa Izabel do Morro, Fontoura, Macaúba e JK.

O coordenador dos Povos Indígenas do TO, Kohalue Karajá, conta que a ação é estadual. “Todos os territórios indígenas do estado receberão o projeto e nós começamos aqui na Ilha do Bananal, pois a situação está perigosa”, afirmou. Cada aldeia recebeu o projeto em um dia, onde foi realizada a palestra, exibição de vídeos sobre a tema, a apresentação de depoimentos de ex-usúarios de drogas, além da parte instrutiva os jovens participaram das oficinas de arco e flecha e pintura corporal. Para a presidenta da Ahima, Lenimar Werreria, é necessário que aja mais iniciativas como essa. “Os jovens acabam sendo os mais afetados, é necessário esse trabalho de conscientização, de sensibilização, mas também temos que pensar em algo permanente, acredito que o esporte seja uma dessas vias de mudança”, contou.
Bialary exibe fotografia do filho
O guarda da escola indígena, Bialary Karajá, também participou do seminário e conta que perdeu seu filho em janeiro deste ano. Na certidão de óbito do jovem de 22 anos, diz que a causa da morte foi abuso de álcool. “Meu filho começou bebendo com 16 anos, aprendeu a beber aqui dentro da aldeia, através de amizades. Ficamos muito tristes quando isso aconteceu antes eu tinha vergonha de contar, mas agora quero ajudar para que não aconteça mais isso na nossa aldeia”, contou.

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